Francisco Cuoco, ícone da TV brasileira, morre aos 91 anos e deixa legado de personagens inesquecíveis
- Alexandre Ferreira
- 20 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de jun.
O ator Francisco Cuoco, ícone da televisão brasileira e galã de novelas entre as décadas de 1960 e 90, faleceu aos 91 anos, deixando um legado de personagens marcantes e três filhos. A morte foi confirmada pela família.

Francisco Cuoco, um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, morreu aos 91 anos, nesta quinta-feira (19). O ator ficou conhecido pelos galãs e protagonistas de novelas como "Pecado Capital", "O Astro", "Selva de Pedro" e "O Sétimo Sentido", entre dezenas de outros. Na última década, ele fez mais participações especiais. Cuoco deixa três filhos: Tatiana, Rodrigo e Diogo, além de netos. A informação foi confirmada pela família do ator ao jornal Folha de S. Paulo.
Internação e Complicações de Saúde
Cuoco estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e enfrentava complicações de saúde devido à idade avançada. A causa de sua morte não foi divulgada, mas ele estava tratando um ferimento que havia infeccionado.
Lamento de Famosos
Natural de São Paulo, Cuoco era filho de um imigrante italiano, o feirante Leopoldo, e da dona de casa Antonieta. O casal, que contribuiu para a formação de um dos ícones da televisão brasileira, deixou um legado significativo na cultura do país.
A Escolha pela Arte
Cuoco, por sua vez, pensava em estudar Direito, mas decidiu seguir seu coração e ingressar na Escola de Arte Dramática de São Paulo, onde permaneceu por quatro anos. Durante esse período, ele se juntou ao Teatro Brasileiro de Comédia e ao Teatro dos Sete, duas companhias que desempenharam papéis cruciais na história do teatro brasileiro.
Reconhecimento e Início na Televisão
No palco, Cuoco interpretou Werneck na peça "O Beijo no Asfalto" (1961), escrita por Nelson Rodrigues. Seu talento foi reconhecido em 1964, quando recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) pela sua atuação em "Boeing-boeing". Ele então fez sua estreia na televisão, participando do "Grande Teatro Tupi", onde peças de prestígio eram apresentadas ao público da extinta TV Tupi.
Entre 1960 e 1964, Cuoco foi casado com a atriz Carminha Brandão, que era doze anos mais velha que ele. Em 1966, ele se casou com Gina Rodrigues, mãe de seus filhos, e essa união terminou amigavelmente em 1984. De 2014 a 2017, Cuoco teve um relacionamento com a estilista Thaís Almeida, que era 53 anos mais nova. Gina acompanhou o auge da carreira do ator, que se destacou na televisão, participando de diversas produções como "Marcados Pelo Amor" (1964), "Redenção" (1966), "Legião dos Esquecidos" (1968), "Assim na Terra Como no Céu" (1970), seu primeiro trabalho na Globo, "O Cafona" (1971) e "Selva de Pedra" (1972).
Parcerias de Sucesso
Em "Selva de Pedra", Cuoco fez parceria com Regina Duarte, com quem também trabalhou em "Legião dos Esquecidos" e "Sétimo Sentido" (1982). A dupla se tornou uma das mais populares da época, especialmente quando Regina era conhecida como a Namoradinha do Brasil.
Momentos Icônicos
Cuoco interpretou Roque Santeiro na versão da novela censurada em 1975. No mesmo ano, ele também deu vida a um dos personagens mais icônicos de sua carreira: Carlão, o taxista de "Pecado Capital".
Conflito no Remake
Foi no remake da trama, em 1998, que Cuoco se indispôs com Carolina Ferraz. Os dois formavam um triângulo amoroso com Du Moscovis, mas brigaram e, em entrevista feita quando ele tinha 65 anos, afirmou que a atriz, então com 30, se recusou a beijá-lo. “Ele pediu desculpas depois, disse que eu era excelente profissional. Não tenho o que comentar, só tenho respeito pelo Cuoco. Essas coisas que acontecem no ambiente de trabalho, às vezes saem de lá (…). Depois trabalhamos juntos, fizemos o remake do O Astro (2011) e a gente se deu muito bem, isso já foi superado, é passado”, afirmou Carolina à revista Veja Rio.
Carreira no Cinema
No cinema, que era seu sonho quando ainda era feirante, Cuoco atuou menos. Esteve em Grande Sertão (1968), Traição (1998) e Gêmeas (1999), e trabalhou com Renato Aragão em Um Anjo Trapalhão (2000) e Didi – O Caçador de Tesouros (2006). Em 2005, fez Cafundó ao lado de Lázaro Ramos e, em 2015, encerrou os trabalhos no teatro com Real Beleza (2015).
Sucessos na Televisão
Os sucessos de Cuoco na televisão foram muitos, em tramas como O Astro (1977), Feijão Maravilha (1979), Eu Prometo (1983), Outro (1987) e O Salvador da Pátria (1989) marcaram momentos importantes na carreira do ator, cujos papéis de protagonismo foram diminuindo ao longo do tempo. No entanto, ele continuou ativo, participando de produções como Cobras & Lagartos (2008), Passione (2010), O Astro (2011) e Sol Nascente (2016). Seus últimos trabalhos na televisão foram participações em Salve-se quem Puder (2020) e No Corre (2023).
Fase final: depressão e isolamento
Durante a pandemia, Cuoco ficou recluso e, ainda em 2020, foi diagnosticado com depressão, um quadro que afetou muitos idosos que se viram confinados por meses. Em uma conversa com o apresentador Pedro Bial, ele revelou que Tatiana, Rodrigo e Diogo o ajudaram a superar esse momento difícil. “Devagarinho, com ajuda dos filhos, eu fui me recuperando. Acho que hoje em dia estou bem melhor”, afirmou no programa Conversa com Bial, em 2021. Ele também expressou seu desejo de voltar às telas: “Acho que ainda tenho o vigor para isso”, disse, emocionado ao chegar para gravar No Corre.
Questões pessoais
Um ano antes, Cuoco havia enfrentado um processo de paternidade movido pelo modelo Anthony Junior, que alegava ser seu filho. O filho e a mãe do rapaz negaram a acusação, e um exame de DNA confirmou que não havia relação de parentesco, resultando em um teste negativo.
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