DEU NA VEJA: Esquenta a briga no Maranhão entre o governador e o grupo de Flávio Dino
- Alexandre Ferreira
- 21 de fev.
- 3 min de leitura

A revista Veja publicou uma reportagem analisando o cenário político do Maranhão, destacando a ruptura entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino e o governador do estado, Carlos Brandão (PSB). Segundo a publicação, Dino, que governou o estado por dois mandatos e deixou o cargo para concorrer ao Senado em 2022, sempre teve forte influência sobre a política local. Com sua ida para o STF, no entanto, a relação entre ele e seu antigo aliado começou a se deteriorar, resultando na divisão entre os chamados "dinistas" e "brandonistas", grupos que atualmente disputam espaço e influência no governo estadual.
A Veja aponta que o embate se intensificou na última semana, após Dino suspender, por meio de uma decisão no STF, o processo de escolha de um novo membro para o Tribunal de Contas do Estado, alegando falta de clareza e segurança jurídica no procedimento. O nome barrado era uma indicação do governador Brandão, que já havia tentado nomear o mesmo advogado para um cargo de desembargador, mas teve a decisão vetada pelo Tribunal de Justiça do Maranhão.
A reportagem ainda menciona que aliados de Brandão enxergam uma interferência de Dino em outras decisões do STF que afetam diretamente o governo maranhense. Entre elas, cita-se a suspensão, por determinação do ministro Dias Toffoli, da regra que concedia foro privilegiado a diretores da Assembleia Legislativa do estado, o que impactava diretamente Marcus Brandão, irmão do governador. Além disso, outra decisão, desta vez do ministro Alexandre de Moraes, impediu Marcus de assumir cargos públicos no estado, sob acusação de nepotismo cruzado.
De acordo com a Veja, todas essas ações tiveram como ponto comum o partido Solidariedade, que protocolou as representações diretamente no STF. A legenda é presidida no Maranhão por Flávia Alves, irmã do deputado estadual Othelino Neto, um dos principais opositores de Brandão. Othelino, por sua vez, é casado com Ana Paula Lobato, senadora que assumiu o mandato de Flávio Dino após sua nomeação para o Supremo.
A publicação relembra que Dino e Brandão foram aliados por anos, compondo a mesma chapa em 2014 e governando juntos o estado. Contudo, segundo relatos de ambos os grupos, a relação começou a se desgastar no segundo mandato. Os apoiadores de Dino argumentam que a ruptura ocorreu porque o governador começou a desmantelar políticas públicas da gestão anterior e não cumpriu acordos estabelecidos. Além disso, acusam Brandão de repetir práticas da família Sarney, ao nomear parentes para cargos estratégicos no Executivo estadual. Segundo a matéria, ao menos quinze nomeações desse tipo foram identificadas, algumas delas barradas pelo STF.
Por outro lado, aliados de Brandão afirmam que Dino estaria tentando manter influência sobre o governo e se incomodaria com a substituição de antigos aliados nos cargos-chave do estado. A Veja cita o deputado estadual Dr. Yglésio (PRTB), que afirma que o ministro não deseja que Brandão "tenha voo próprio". A matéria destaca ainda que o governador tem fortalecido sua presença no Tribunal de Contas do Estado, onde seu sobrinho, Daniel Brandão, ocupa a presidência e poderá indicar mais três nomes para a corte.
A reportagem conclui que a disputa entre os dois grupos deve impactar a eleição de 2026. O plano inicial previa que Brandão deixaria o governo em abril do próximo ano para concorrer ao Senado, permitindo que seu vice, Felipe Camarão (PT), assumisse o cargo e tentasse a reeleição. No entanto, o atual governador já dá sinais de que pretende permanecer no cargo até o final do mandato, o que poderia frustrar os planos dos "dinistas". A Veja ressalta que o embate entre os antigos aliados está longe de terminar e deve continuar a repercutir na política do estado nos próximos anos.
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