Desgaste de Paulo Pimenta na Secom força Lula a repensar comunicação e possíveis mudanças no governo

Após críticas à comunicação do governo, Lula avalia substituir o ministro Paulo Pimenta na Secom. A insatisfação crescente no PT e a necessidade de mudanças na postura do presidente podem levar a novas nomeações.

À luz do discurso do presidente, auxiliares de Lula e dirigentes do PT avaliam que Pimenta está muito desgastado e deverá ser substituído no início do ano que vem. Falhas na comunicação fragilizam Paulo Pimenta e forçam Lula a mudar a própria postura.

Críticas à Comunicação do Governo

O seminário do PT para debater os rumos do partido foi marcado por críticas contundentes à comunicação do governo. A insatisfação com esse tema já havia sido manifestada anteriormente, mas, desta vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou as queixas, misturando autocrítica com sinais de descontentamento em relação ao ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

Mudança de Postura Necessária

Diante do cenário, o PT exige uma mudança de postura do presidente, que reconhece a necessidade de adotar um comportamento diferente daqui para frente. Essa nova abordagem é vista como essencial para melhorar a comunicação e a imagem do governo.

Lula, em um discurso para os petistas, destacou a necessidade de aumentar a frequência de suas entrevistas, algo que tem sido raro durante sua gestão em Brasília. O presidente frequentemente ignora pedidos de jornalistas para entrevistas improvisadas e também realiza poucos pronunciamentos em rede nacional. O PT aprovou uma resolução solicitando que Lula amplie esses pronunciamentos, tornando-os mais comuns e não restritos a datas comemorativas.

Comunicação Digital

Outro aspecto que precisa de atenção é a comunicação digital do governo. Lula expressou descontentamento com a falta de progresso na licitação para contratar quatro empresas especializadas em comunicação digital, que está pendente desde julho deste ano. O Tribunal de Contas da União (TCU) interrompeu o processo devido a suspeitas de vazamento do edital.

Investimentos Necessários

A licitação em questão prevê investimentos de quase R$ 200 milhões por ano. No governo, a avaliação é de que, sem essas contratações, será difícil equilibrar a presença nas redes sociais e enfrentar a extrema-direita, além de conseguir direcionar o debate público.

Lula tem enfatizado a seus ministros que, apesar das diversas entregas do governo, os resultados não têm impactado a maioria da população. As falhas na comunicação são frequentemente apontadas como um dos principais obstáculos para que o presidente melhore sua popularidade.

Problemas de Coordenação

Dirigentes do PT e membros do governo identificam uma questão fundamental que precede as falhas de comunicação: a falta de coordenação no Planalto. Até o momento, não houve a consolidação de um núcleo dirigente que possa organizar e preparar de forma mais eficaz a disputa política.

Ascensão do Marqueteiro

Sidônio Palmeira, publicitário que atuou como marqueteiro de Lula em 2022, é um dos nomes cogitados para substituir Pimenta. Ele tem sido cada vez mais convocado para ajudar o governo em momentos críticos, como na produção do pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o lançamento do pacote fiscal.

Sidônio foi convidado para assumir o cargo de ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) durante a transição de governo, mas decidiu recusar a proposta. O publicitário, residente na Bahia, optou por não abandonar seus negócios para se dedicar exclusivamente ao governo. Contudo, petistas acreditam que, diante de um novo apelo de Lula, ele pode reconsiderar sua decisão e aceitar o cargo.

Nome em Destaque: Laércio Portela

Outro nome cogitado para o ministério é o do jornalista Laércio Portela, atual secretário-adjunto da Secom. Portela ocupou interinamente a titularidade da pasta por quatro meses, enquanto Pimenta estava à frente da secretaria extraordinária para apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul.

Avaliação de Pimenta e Portela

A atuação de Pimenta durante a tragédia no Sul foi bem recebida pelo governo, e Portela também obteve avaliações positivas de Lula e de outros ministros enquanto liderava a Secom. Durante esse período, o presidente concedeu diversas entrevistas, especialmente para rádios do interior, o que ajudou a pautar o debate nacional.

Pimenta detém a confiança de Lula e é bem visto pela primeira-dama, Janja da Silva. Caso seja substituído na Secretaria de Comunicação (Secom), ele pode ser realocado para outra pasta, como a Secretaria-Geral da Presidência, atualmente sob a responsabilidade de Márcio Macêdo, que também enfrenta críticas do presidente.

Possível Substituição na Secom

O prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, é frequentemente mencionado como um candidato à Secom. No entanto, atualmente, ele é o favorito de Lula para assumir a presidência do PT em junho, quando o mandato de Gleisi Hoffmann chega ao fim. Essa situação diminui as chances de sua nomeação para um ministério.

Críticas a Outros Ministros

Além de Pimenta e Macedo, Lula tem expressado insatisfações em relação a outros ministros do PT, como Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). A expectativa no Planalto é que o presidente promova mudanças nessas pastas nos primeiros meses de 2025, com o objetivo de reorganizar sua equipe para a segunda metade do governo.

Partidos de centro começam a pressionar Lula

Partidos de centro, como o PSD, já estão solicitando ao presidente Lula uma ampliação do espaço das siglas na Esplanada dos Ministérios. O PSD, por exemplo, abriu mão do Ministério da Pesca, atualmente sob a responsabilidade de André de Paula, membro do partido. Agora, a sigla reivindica uma pasta de maior porte, que possua um orçamento mais robusto e uma capacidade de entregas ampliada.

Pressão por maior representação

A pressão dos partidos de centro é um indicativo do desejo por maior representação no governo. A expectativa é que, ao ocupar ministérios com mais relevância, esses partidos possam influenciar de forma mais significativa as decisões políticas e administrativas.

Reivindicações do PSD

O PSD busca uma pasta que não apenas tenha um orçamento maior, mas que também permita uma atuação mais efetiva em áreas estratégicas. Essa mudança é vista como essencial para garantir que o partido possa contribuir de maneira mais substancial para a governança e para o desenvolvimento de políticas públicas.