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Brasil assume presidência do Brics e foca em comércio, IA e mudanças climáticas com novos desafios globais

  • Foto do escritor: Alexandre Ferreira
    Alexandre Ferreira
  • 1 de jan.
  • 4 min de leitura

O Brasil assume a presidência do Brics nesta quarta-feira (1º), liderando um bloco que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul. O governo Lula prioriza temas como comércio, IA e mudanças climáticas no primeiro semestre.




O Brasil assume a presidência do Brics a partir de 1º de janeiro, liderando um grupo que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul. O Itamaraty anunciou que as atividades do bloco serão concentradas no primeiro semestre do ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfatizado a importância de fortalecer as relações multilaterais, destacando a relevância do Brics em fóruns internacionais.


Presidência Rotativa


A presidência do Brics é rotativa e tem duração de um ano. Embora a previsão inicial fosse que o Brasil assumisse o comando em 2024, a presidência foi antecipada devido à participação do país na liderança do G20 no ano passado. Assim, a Rússia ocupou a presidência em 2022.


Foco nas Atividades


De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil concentrará suas atividades relacionadas ao Brics no primeiro semestre de 2023, buscando fortalecer a colaboração entre os países membros.


O Brasil se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém (PA) no segundo semestre deste ano. Em um comunicado recente, o Palácio do Planalto anunciou as prioridades do país para a discussão no Brics.


Temas Prioritários do Brics


O Brasil definiu cinco temas centrais a serem abordados durante a presidência do Brics:


  1. Facilitação do Comércio e Investimentos: Desenvolvimento de novos meios de pagamento para facilitar o comércio entre os países do grupo.

2. Governança da Inteligência Artificial: Promoção de uma governança inclusiva e responsável no uso da Inteligência Artificial.

3. Financiamento para Mudanças Climáticas: Aprimoramento das estruturas de financiamento para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.

4. Cooperação em Saúde Pública: Estímulo a projetos de cooperação entre os países do Sul Global, com foco em saúde pública.

5. Fortalecimento Institucional do Bloco: Fortalecimento das instituições que compõem o Brics.



Importância da Colaboração


“O Brics tem que ser parte dessa construção [de um mundo sustentável]. É importante que haja um entendimento entre esses países”, destacou Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, em entrevista à Agência Brasil.


Como presidente do Brics, o Brasil terá a responsabilidade de organizar e liderar as discussões sobre esses temas prioritários.

O governo brasileiro está organizando e coordenando reuniões dos grupos de trabalho que envolvem representantes dos países-membros do Brics. O objetivo é discutir as prioridades da presidência durante esse período.


Reuniões em Brasília


Mais de 100 reuniões estão previstas para ocorrer entre fevereiro e julho, em Brasília. A Cúpula do Brics, que serve como um espaço de deliberação entre chefes de Estado e Governo, está inicialmente programada para julho, no Rio de Janeiro, conforme informado pelo Palácio do Planalto.


Substituição do Dólar


Durante a cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia, líderes das delegações dos países participantes discutiram a possibilidade de substituir o dólar em suas transações. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor uma tarifa de 100% sobre produtos dos países do Brics caso essa substituição ocorra. Essa discussão tem ganhado força, com o presidente Lula sendo um dos principais defensores da ideia.

Desde o Acordo de Bretton Woods, em 1944, o dólar se consolidou como a moeda-padrão no comércio internacional, sendo amplamente aceito e vinculado a instituições financeiras globais. Essa posição fortaleceu o dólar como referência mundial.


Dependência do Dólar


As transações comerciais entre países, incluindo os membros do Brics, frequentemente exigem a conversão de moedas locais para a moeda norte-americana. Essa dependência torna os países vulneráveis às flutuações do dólar e à política monetária dos Estados Unidos, o que impacta especialmente as economias emergentes.


Discussões entre os Brics


Um dos principais motivos para os Brics abordarem essa questão é a vulnerabilidade resultante das oscilações na política monetária dos Estados Unidos. Essa preocupação impulsiona debates sobre alternativas que possam reduzir essa dependência.


Ampliação do Grupo


A presidência brasileira do Brics ocorre em um contexto de tentativas de expansão do bloco, que foi originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2010, o grupo convidou a África do Sul para se juntar a ele.


Em 2023, o grupo Brics aprovou a entrada de mais seis países, incluindo Irã, Egito e Etiópia. A Argentina, que inicialmente estava na lista, desistiu de participar após a posse de Javier Milei como presidente, substituindo Alberto Fernández.


Criação da Categoria de Países Parceiros


No ano passado, o grupo também começou a discutir a criação de uma nova categoria de países parceiros. Esses países, que terão um status inferior ao dos membros efetivos, poderão participar de cúpulas e reuniões. Entre os países considerados para essa categoria estão Cuba, Turquia, Tailândia, Nigéria e Argélia.


Ampliação da Influência Geopolítica


Especialistas em relações internacionais e economia, consultados pela GloboNews, afirmam que a ampliação do Brics e a proposta de uma categoria de parceiros aumentam a influência geopolítica da Rússia e da China. No entanto, há divergências entre eles quanto aos efeitos econômicos dessas mudanças.


O professor José Luís da Costa Oreiro, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), destaca a busca pela ampliação do grupo como um fator relevante no cenário global.


A atual dinâmica global é marcada por uma luta por hegemonia entre a China e a Rússia, de um lado, e os Estados Unidos e a Europa, do outro. Essa rivalidade se reflete em disputas por áreas de influência ao redor do mundo, similar ao que motivou a formação de outros grupos como o G7.


A Influência do G7


O G7 é um grupo que exerce significativa influência, especialmente dos Estados Unidos, Europa e Japão. Essa aliança busca consolidar a liderança ocidental em questões globais, refletindo seus interesses políticos e econômicos.


O Papel do Brics


Em contrapartida, o Brics se posiciona como um clube que favorece os interesses da China e da Rússia. A entrada de países como Cuba no grupo, por exemplo, não traz vantagens econômicas diretas, mas sim contribui para a expansão da influência geopolítica dessas nações. Essa inclusão é um exemplo claro da disputa por áreas de influência, onde o foco principal é a geopolítica, e não necessariamente a economia.

 
 
 

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